domingo, 23 de outubro de 2016

Sabotagem amorosa


Por que a porção de amor que o outro tem a nos oferecer nunca parece ser o suficiente? Só sabemos cobrar, reclamar, vociferar, porque julgamos pouco o sentimento demonstrado, sem pensar em quanto pode custar aquele pouco. Sem imaginar que aquele pouco pode ser o seu limite. Que o aparente descaso pode ser um tremendo esforço. E a gente sabe. No fundo, a gente sabe quando é amado ou não. E sabe que não existe amor pela metade. Ou é de todo coração ou é outra coisa qualquer. A gente reconhece o amor, mas adora sabotá-lo, com a nossa arrogância, aspereza, despreparo. E coloca a culpa no outro do assassinato que nós cometemos, com ou sem cúmplice.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Agora você pode fazer o que quiser

– Quantos aninhos você tem?

– O que quer ser quando crescer?

– Tem tirado boas notas?

– E os namoradinhos?

– Já escolheu a faculdade?

– Já se formou?

– Está trabalhando em quê?

– Quando vocês vão casar?

– Não têm vontade de ter filhos?

– Quantos aninhos ele tem?

– Ele não pede irmãozinho?

– Quando vai vir o segundo?

– Ele já anda? Já fala?

– Como está no colégio?

– Ele vai pra qual faculdade?

– Quando é o casamento?

– E vocês não querem ter netos?

– Agora, depois da aposentadoria, com os filhos crescidos e a vida estabilizada, você pode fazer o que quiser da sua vida, não é mesmo?