domingo, 28 de janeiro de 2024

Sobre o que não fazemos tão bem

 

No último fim de semana, fui a uma festa flashback com duas amigas da dança. Chegando lá, descobrimos que, para cada música, tinha uma coreografia, ensinada pelo professor, que estava na frente. Tipo um baile charme, que, aliás, já frequentei com uma amiga anos atrás. Olhando os outros dançarem, parece fácil. Fazendo, não é tão simples assim. Eu, particularmente, sou péssima. Erro o tempo, piso pro lado errado, demoro demais no giro... Um desastre. Tentei um pouco e logo cansei. Uma das minhas amigas gostou de dançar a coreografia, já a outra disse que preferia dançar livre. Então, me juntei a essa e dançamos do nosso jeito perto da mesa.

Numa sociedade que valoriza a alta performance, não ser bom em alguma coisa é quase indesculpável. Porém, não se pode ser bom em tudo. As pessoas são diferentes e possuem habilidades diversas. Fazer algo em que não se é tão bom pode ser divertido e libertador. Além do mais, o que é ser bom, o que é o correto? Na dança, por exemplo, existe certo e errado? Não é uma livre expressão? Existe, é claro, o profissional e o amador. Mas qual é o problema de ser amador, se aquela atividade é apenas um lazer? Precisamos nos cobrar menos e nos permitir mais. E você? Ousa fazer aquilo em que não é tão boa/bom?

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Sobre o início de ano

 

Pois é, já estamos em 2024. E aí, já fez as metas que não pretende cumprir no novo ano? Eu fiz as minhas mentalmente e já estou colocando a mão na massa. Uma delas era voltar a escrever crônicas pra página e aqui estamos nós. Sabemos que a passagem de ano é apenas um ritual simbólico, mas, de alguma maneira, isso mexe com a gente. Um novo ciclo se abre.

Não sei vocês, mas eu tenho umas viradas de chave muito loucas. Estava um pouco insatisfeita com a minha rotina no final do ano, andava cansada e desanimada. Virou o ano, virei outra! No dia primeiro, já voltei a fazer meus alongamentos matinais e noturnos. Viajei, comi demais, porém no retorno já retomei os exercícios. Ontem fiz esteira, caminhada, yoga e meditação, além de ler, trabalhar e estudar. Cuidando do corpo e da alma. Eu gosto assim, de dias cheios.

Não sei se vou me manter tão exemplar pelo resto do ano, mas vale o esforço. “Os nossos sonhos merecem a nossa disciplina”, é uma frase que minhas amigas costumam usar. Que 2024 nos traga a colheita que desejamos. Mas não nos esqueçamos de plantar as sementes e regar!

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Professora (trecho de Dançando na Varanda)

 

É clássico de quem se torna professor: quando eu era pequena, brincava de dar aula pras bonecas. Tinha chamada e tudo! Quem não respondesse, levava falta. Que bom que nenhuma nunca respondeu... Depois, passei a dar aula pros meus parentes, no sítio do meu avô, de brincadeira. Era uma maneira de reforçar o que aprendia na escola e a gente acabava se divertindo. Eu era uma instrutora severa: já expulsei uma avó de sala e dava nota baixa pro meu pai. Bem diferente da real professora que me tornaria, cuja paciência os alunos vivem enaltecendo, quem diria.

Apesar de manifestar essa vocação desde a infância, nem sempre quis dar aula. Escolhi Letras porque é assim que vejo o mundo, com palavras. Mas, a princípio, pensava em escrever e trabalhar com revisão e tradução. Eu era tímida, atrapalhada, achava que não tinha jeito pra lidar com gente. Pela experiência de dar aulas pra minha família, talvez fosse melhor não continuar mesmo, a não ser que trabalhasse num quartel. Porém, não, nada disso, eu estava errada.

Me apaixonei pela sala de aula em 2012, quando obtive uma bolsa de iniciação à docência e comecei a trabalhar no LICOM (Línguas para a Comunidade) da UERJ, graças ao incentivo de uma amiga. Obrigada, Bia. Foi a primeira turma que assumi. Antes disso, havia atuado como monitora no curso de inglês, acompanhando os professores nas turmas, participando das conversações e tirando algumas dúvidas dos alunos. Era diferente porque eu era uma ajudante, e não a responsável pela turma. De repente, estava sozinha nessa função: preparar as aulas, explicar o conteúdo, elaborar as provas e corrigir, tudo era papel meu. Claro, havia a orientação de uma coordenadora, algumas reuniões com os outros bolsistas, onde podíamos trocar. Mesmo assim, foi um novo desafio.

(Dançando na Varanda - Nicole Ayres)

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Perdão

Perdão

Pois não consigo

Te perdoar

Autoamor

 

Preciso dizer que me amo. Mesmo nos dias ruins. Mesmo de máscara de argila na cara, de pijama largada na cama, o cabelo bagunçado, a unha por fazer. Me amo preguiçosa, manhosa, birrenta, insuportável. Me amo em todas as circunstâncias. Nunca vou desistir de mim. Me amo e me aceito como sou. Tenho orgulho de quem me tornei, das minhas metamorfoses diárias. Sei que posso me aperfeiçoar, mas dentro dos meus limites e no meu próprio ritmo, naturalmente. Aceito os meus silêncios, os meus gritos surdos, as minhas manias. Guardo os meus segredos. Recebo as críticas construtivas, descarto as destrutivas. Eu me amo infinita, verdadeira e eternamente. E quem não me ama de volta não tem espaço no meu coração.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Sobre mulheres sem filhos

 

Sou uma mulher que não quer ter filhos e levanto muito essa bandeira. Agora estou lendo Você tem filhos? Como as mulheres vivem quando a resposta é não, da Kate Kaufmann, um achado da Bienal. Ela fala sobre mulheres que não quiseram ou não puderam ter filhos, seja pelas razões que forem, sua relação com companheiros, amigas mães, e as crianças presentes em suas vidas.

Lembro de uma festinha de aniversário do salão que eu frequento, onde tive a oportunidade de conversar com outras mulheres, inclusive mais velhas, que não tinham filhos e estavam muito bem, obrigada. É raro encontrar um grupo assim, porém cada vez menos raro.

“Mas por que você não quer ter filhos?”, viria algum mala perguntar. O problema dessa pergunta é que ela nunca é feita a uma mulher que quer ser mãe. “Mas você tem certeza de que quer colocar uma criança nesse mundo violento e perigoso?” ou “Não acha que está projetando os seus desejos nessa criança, não seria egoísmo da sua parte?” são perguntas absurdas. Igualmente absurdo é questionar as razões de uma mulher que não deseja ser mãe. Ela é sempre julgada como egoísta, encalhada, e por aí vai.

Se você tem filhos e está feliz com isso, ótimo. Mas se você não tem e está da mesma forma feliz, ótimo também. O mundo já está superpopuloso e não precisa de mim para procriar. Já chegaram ao ponto de me dizer que, por ser filha única, não vou perpetuar o nome da minha família. Tantos problemas no mundo e vou me preocupar logo com isso, que não faz diferença nenhuma pra ninguém.

Mulheres sem filhos não são egoístas, não odeiam crianças e não estão agindo contra a natureza. A única coisa que queremos é respeito em nossa decisão. Respeito é sempre fundamental, e você nem precisa entender as razões do outro para isso.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Espuma

 

Que tal nós dois

Numa banheira de espuma?

Seu corpo nu

Estonteante

Meu corpo nu

Nada mal também

Esquecemos o trabalho

Família, problemas, grana

E curtimos apenas o momento

Exploramos as partes um do outro

Eu molhada

Você duro

Meus seios em sua boca

Sua pele sob minhas mãos

Não tem hora pra acabar

Farra gostosa

E necessária

Então, o que me diz?